segunda-feira, 1 de julho de 2013

Contra bons argumentos...

Contra bons argumentos...

Claudiomiro Machado Ferreira

Não adianta, existem argumentos que são irrefutáveis. Diante deles não podemos fazer nada, a não ser nos entregarmos. Tive certeza disso no dia em que fui vencido pelo chá verde.
Um dia desses, por questões, que prefiro manter em sigilo, havia tomado o tal chá verde. Ele é bom para muitas coisas, me disseram. Isso é fato, aprendi. Porém, se bebido além do necessário pode eliminar sais minerais do organismo. Os sintomas são uma espécie de fraqueza e a abertura de apetite. Para alguns, esta é mais conhecida por broca, aquela fome que, além de fazer um alto barulho no estômago, faz a gente se curvar de dor.
Pois bem, estava eu com aquela baita broca e, para variar, em uma condição deveras adversa. Voltava da cidade de Pedro Osório, indo para a cidade de Rio Grande. Como não há ônibus direto, sou obrigado a fazer uma parada na rodoviária da cidade de Pelotas.
Como desgraça pouca é bobagem, depois de comprar a passagem e sobrar pouco dinheiro, ocorreu o sucedido. Não tive alternativa. Fui obrigado a ir até um dos bares. Na verdade o único aberto naquela hora da noite. O que aconteceu em seguida me fez constatar que já se foi o tempo em que comida de rodoviária era barata. Na verdade, hoje em dia elas competem com muitos aeroportos e shopping centers.
Eu sabia que precisava de algo salgado para comer. Olhei, olhei, fiz cálculos de cabeça, mas a broca não me deixou pensar muito. Acabei pegando o que era mais barato e que melhor se encaixava na minha necessidade. Peguei um pacote de batata fritas da Elma Chips. Um Ruffles, de 50 gramas.
Ao chegar no caixa tive o dissabor. O pacote custava R$3,20. Quase tudo o que me sobrara da compra da passagem. Claro que fiquei irritado. Estava com fome, o ônibus já iria sair e com pouco dinheiro. Qualquer um ficaria. Tentei barganhar, mas o atendente foi inflexível. Disse que o preço era tabelado, que não havia nada mais barato e que ele não era o dono do estabelecimento.
Entretanto, o argumento derradeiro veio quando disse que se estivesse muito caro eu poderia escolher por não levar. Estarreci. Fiquei mudo. Sem um contra-argumento paguei e fui embora. Mudo, comi a batata e saciei a minha necessidade. Porém, aprendi a lição. Da próxima vez tomarei menos chá verde. Se não der, tentarei viajar com mais dinheiro. Ainda sim, se nada disso for possível, para não passar mais vergonha, direi que estou com pressão baixa e pedirei um copo d'àgua e o saleiro. É o jeito.

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